Sunday, December 30, 2007

destino; sanatorium...

eu, ainda não sou eu... com os anos vou crescendo, aproximando-me mais de mim, mas ainda não sou eu, não posso ser eu, vivo no meio de pessoas que acham que estão vivas, que passam ao lado das suas vidas, a achar que o que fazem é viver... o seu objectivo, é ter dinheiro, para pagar todos os bens que os possuem, passam ao lado da vida, dormentes, escravos de tudo o que pensam que aquiriram, sem se aperceber que eles é são adquiridos cada vez que assinam o nome em qualquer coisa... passam o tempo todo, num filme aborrecido, sempre a pensar na próxima obrigação, ou responsabilidade enquanto a vida vai passando...
tenho-me descoberto com o passar do tempo, vou descobrindo o que consigo fazer, do que sou capaz, o que gosto, o que tolero, o que já não tolero... acho tão estranho, eu já fui eu, quando nasci, por um tempo muito breve, antes de me começarem a ensinar/impôr, regras, limites, antes de me dizerem o que toda a gente acha que é certo ou errado... agora, conforme vou crescendo/envelhecendo, sinto-me a voltar a ser eu, mas nunca vou voltar a ser eu, como era quando nasci... só se me cagar para a sociedade e as suas regras/ditaduras e aí vou ser livre até ser preso, ou internado num sanatorium... por isso, tenho de voltar a ser eu, com a calma/sensatez? necessária, para não ultrapassar os limites que me foram impostos e principalmente, por respeitar as pessoas de quem gosto...
...sempre tive vontade de passar uns tempos num sanatorium, hospício, hospital dos malucos, o que fôr, mas hoje, acho que essa vontade, é mesmo de ficar por lá esquecido, a observar, se calhar por achar que lá posso voltar a ser eu... ninguém espera nada de quem lá está internado, ou esquecido, acho que quem lá está, é quem voltou a ser quem é, quem lá está é que é livre... não liga às regras, mesmo as que tem por lá, mesmo que não possa sair, mesmo que não possa fazer uma carrada de coisas, é livre, não tem obrigações, responsabilidades... só isso é a maior das liberdades, uma vida sem obrigações e responsabilidades...

Saturday, December 29, 2007

godspeed...

desejo que em 2008 todos tenham tudo o que merecem...

Saturday, December 22, 2007

quero-te...

divertida, inteligente, independente, perspicaz, confiante, marota, sensual, meiga, forte, frágil, cheia de classe, descontraída, organizada, desportista, provocante, timida, atrevida, sábia, fiel, apaixonada, quente, alta, de beleza discreta, de cabelo cuidado, longo, curto ou rapado, mamas rijas, num tamanho, ou dois, acima do perfeito, mãos femininas, barriguinha pequenina e suave, cintura esguia, anca larga só o suficiente para que a curva que vem da cintura seja sexy, nádegas redondas e saudáveis, pernas longas e em forma, e pés bonitos...

e posso-te querer assim à vontade, porque já sei que no fim, aparece uma que não és tu, vinda não sei de onde, que estraga tudo...

Sunday, December 9, 2007

episódio 2...

acordei... não sei onde estou, não me lembro de ter adormecido... tento ficar com os olhos abertos, mas mal consigo... a luz é fraca, reparo que entra por entre os cortinados da grande janela do quarto, os cortinados são muitos escuros e de um tecido muito pesado, tipo veludo... levanto-me e cambaleio, estou em tronco nú, só com as minhas Levi´s e descalço...

começo a ouvir uns gritos, não sei de onde vêm... mas começo a perceber que os gritos coincidem com os meus passos, olho para a alcatifa, reparo que é colorida, cheia de cores berrantes...

vou direito à fresta de luz que os cortinados deixam passar, fecho os olhos antes de os abrir, assim que sinto a claridade e o calor da luz viro-me de costas para a janela antes de abrir os olhos, olho para o quarto onde dormi...

pela janela entram agora os raios de Sol, que iluminam as paredes, uma de cada cor, uma das paredes está practicamente coberta de fotos antigas, com pessoas e sítios que não conheço e de que nunca ouvi falar...

não sei que horas são porque há uns dois anos que não uso relógio, neste quarto também não há nenhum à vista... procuro o que trazia calçado, nem me lembro do que era, descubro um dos meus Caterpillar debaixo da cama, e descubro o outro numa prateleira, ao lado de uns livros de bruxaria...

deve haver por qualquer lado uma t-shirt, sweat, ou casaco... ou será que vim assim? descubro uma camisa do Spiderman de manga curta, que já conheço, estive com ela na mão, quase a comprei numa daquelas tendas de roupa do Festival do Sudoeste...

dirijo-me à porta do quarto, rodo a maçaneta e saio, vim dar directamente à rua... olho para trás, é mesmo só um quarto, uma casa que é só um quarto... olho à volta e há mais três casas iguais, dispostas em cruz, todas com as portas viradas para o centro... fui abrir as portas para confirmar o que desconfiava, as outras casas são a cozinha, a casa de banho e a sala, tenho uma vedação à volta, que salto porque não há portão...

estou num deserto, um deserto daqueles com montanhas à volta, e não sei porquê, não estranho... estou sozinho, mas sinto que não... quando olho para a areia do chão, vejo pegadas por todos os lados, pés descalços, botas e de animais, em todas as direcções...

ouço vozes, sussurros... cerro os olhos para ouvir melhor, e consigo distinguir uma frase dita numa voz mais aguda... "-Granda mangalhuça!" assim do nada, as vozes começaram a ficar audíveis, começaram a aparecer imagens e movimentos...
olhei de novo para o sitio de onde veio a frase, e vejo três miúdos agachados, um a jogar ao bilas, outro ao guelas e o terceiro aos berlindes...

volto a olhar à volta, de repente e sem sair do sitio, estou numa aldeia, que era ainda agora um deserto...

comecei a caminhar em direcção ao que devia ser uma feira, de frutas, de animais, de trapos e merdas em madeira...
na bancada das abóboras estava um homem, que enquanto comia que ia dizendo: "-Tenho aqui a minha irmã que é surda-muda..."

observei toda a feira, vi as cores todas, de tudo... senti sede, fui a uma das tascas lá da zona, a porta estava estroncada, e à entrada estavam uns velhos a jogar Master Mind, e assim que entrei começou a chover, mas não era água, estava a chover granito, o pessoal abrigou-se todo, a tasca ficou cheia durante o temporal...

fiquei ali à espera que passasse, e fui ouvindo as conversas, percebi que aqueles temporais de granito eram comuns, ninguém discutiu muito o assunto, uma mulher que estava a comer um arroz de lentilhas, comentou: "-O arroz está trincadero..." mas quem estava do outro lado da mesa não lhe respondeu e ela também não disse mais nada...

os putos que eu vi a jogar com os bilas, guelas, e berlindes, estavam muito inquietos, queriam ir para a rua apanhar o granito, uma velha, já farta dos putos, gritou-lhes: "-Prantem-se quedos!" mas os putos não lhe ligaram nenhuma e saíram para a rua, agora que a queda de granito tinha parado...

bebi um copo de Old Spice com gelo, que não paguei, mas me soube muito bem, um homem que estava muito chateado com o temporal, dizia ao tasqueiro: "-A culpa é toda do buraco do azoto...", o tasqueiro disse-lhe para descontrair, porque depois da tempestade vem sempre o Bonanza, o homem não lhe ligou e continuou a resmungar...

saí da tasca e observei que os velhos do Master Mind não sabiam as regras, sentei-me ao pé deles e fiquei por ali, a tentar perceber como é que teria ido ali parar, o que tinha feito no dia anterior, não conhecia ninguém, e não me lembrava da cara de ninguém, nem dos meus pais, se eles passassem ali, naquele momento à minha frente, eu não os iria reconhecer, mas estranhamente não estava preocupado, ou assustado, pelo contrário, sentia-me bem naquele sitio...

enquanto os velhos discutiam, dizia um: "-Otário doing?!? What's the merda with you?!?" e responde o outro: "-Tem calma, Roma não foi queimada num dia..."

ia a passar um casal, ela pára e começa a tirar uma das sandálias, ele perguntou-lhe o que se passava, respondeu-lhe ela: "-É a sandália, está a magoar-me, rói-me aqui que é um disparate...", ele descansa-a, diz-lhe que tem lá em casa uma faca de dois legumes e que lhe corta a sandália...

volto a ouvir um dos velhos, que pergunta ao outro: "-Quantas vezes na tua vida já foste à casa de banho?", o outro ficou a pensar, e diz-lhe que não se lembra...

os putos dos berlindes, guelas e bilas, passeiam por ali, e diz o dos calções: "-A Pandora tem uma caixa, mas ninguém sabe o que tem lá dentro..." e comenta o do boné, enquanto mete os dedos no nariz: "-Eu sou da turma da Pandora, mas nunca lhe abri a caixa..." e diz o terceiro, o dos óculos: "-Antes de meteres os dedos no nariz, rói as unhas..."

episódio 1...

dizia na tabuleta: "Caminho sem retorno..." e noutra, mais pequena, logo abaixo: "50 metros do arrependimento..." decidi seguir por ali, ao fim dos primeiros 50 metros encontro nova tabuleta, onde li: "daqui para a frente vais deixar para trás toda a tua familia, amigos e tudo o resto que conheces, nunca mais poderás voltar a encontrar nada, nem ninguém que conheceste até hoje, a não ser que caminhem também este caminho... não penses, age... salta para lá da fronteira que te separa do que conheces, deixa tudo para trás e começa de novo, levando tudo o que aprendeste e sabes..."
É claro que pensei, acho que ninguém consegue não pensar, muitos vão achar que é mentira, esses podem seguir em frente, o caminho sem retorno não existe para eles... mas alguém que acredite nas tabuletas, ou tenha uma ligeira dúvida, é melhor só avançar se quiser mesmo deixar tudo para trás, porque a fronteira não perdoa, não brinca... pensei 5 segundos e avancei, não por não gostar da minha familia, ou dos meus amigos, ou outra coisa qualquer... avancei porque gosto de mim, porque no caminho que fiz até esta tabuleta, não me sinto realizado, porque preciso de começar de novo, renascer... renascer com a vantagem de já ter alguma sabedoria, de ter vivido muitas experiências, e com a desvantagem de já ter alguns vícios e algumas desconfianças...

Sunday, December 2, 2007

facilmente me torno eremita...

cada vez me sinto melhor sozinho, cada vez tenho menos paciência para pessoas e as suas manias, merdas, maus humores, burrices, problemas e problemas que causam... consigo ver-me numa casa no meio de uma montanha, tendo só por companhia alguma fauna... sei que é um clichê, mas nesta altura parece-me ideal... não me iam fazer falta, durante uma refeição, aquelas pessoas que mastigam de boca aberta, que fazem barulhos a comer e que não têm modos à mesa... não me iam fazer falta os impostos, as filas, o trabalho por conta de outrém, a insegurança, as más pessoas, os fracos e todas as merdas que me chateiam e não me lembro agora...
acho que nem uma Mulher me faria falta, sei polir o foguete e gosto muito... se sentisse muito a falta das curvas de um corpo feminino, da pele macia, do cheiro perfumado, de abraçar uma cintura esguia, de sentir um mamilo eriçado a roçar-me a palma da mão, de enfiar a minha cara num pescoço feminino, mesmo por baixo da orelha, inspirar e beijar por ali, de me sentir rodeado por umas pernas firmes, apertar umas nádegas rijas, de apertar uns lábios bem desenhados com os meus, durante beijos lentos e húmidos, de sentir a minha entrada nesse mesmo belo corpo feminino lentamente, de me ir sentindo já lá dentro, de apreciar cada momento em que por lá esteja, de sentir aquele calor a sair do meu corpo e a explodir dentro dela... mesmo que sentisse essa falta, podia sempre ir descer à civilização? para tentar a minha sorte, e tendo dinheiro poderia sempre recorrer ao serviço das profissionais...
seria só eu, alguma fauna e flora, numa casa de madeira, com um plasma gigante, para as minhas sessões de cinema, uma lareira grande, para aquecer o ambiente, para ouvir os estalidos dos toros ao queimar e para cozinhar, e o meu Defender parado à porta...