já é a segunda vez...

...que o puto Francisco me faz querer ser pai... hoje, quando saí da piscina, lá estavam os putos, o Frederico, o mais velho, e o Francisco... estavam com a Avó, ela pediu-me para os deixar em casa, que é logo ali ao lado. O Frederico quis ficar com a Avó, mas o Francisco queria ir para casa, eu fiquei todo contente por o poder acompanhar... fui tocar à campainha, mas ninguem abriu o portão, tive de o levar à volta, pelo caminho aproveitei para deixar a mochila no carro... entretanto decidi levar o Francisco no meu carro até ao páteo dele... meti-o lá para dentro pela minha porta, passou por cima do meu banco para o banco do pendura, sentou-se, disse-lhe para segurar no meu casaco, ficou com um ar todo contente e engraçado, sentado no banco com o casaco em cima das pernas... arranquei, ele ia a olhar para o céu, porque não conseguia ver por cima do tablier, até ao páteo dele devem ser uns 50metros... ao chegar lá, estava a Mãe dele, parei e toquei a buzina, que é igual à dos carros dos bombeiros, ele disse logo que também queria apitar, disse-lhe para se pôr em pé e espetou o dedo pequenino no botão vermelho, duas vezes... riu-se e espreitou para ver a Mãe a chegar... lá foi para casa, fiz marcha atrás e vim para casa também... a caminho, lembrei-me do Francisco sentado no meu carro a falar a fala dele e sorri... ao mesmo tempo que sorri, vieram-me lágrimas aos olhos, tentei perceber porquê... acho que senti aquele sentimento que se sente quando se percebe que, se fosse preciso, se dava a vida por alguém... e eu, se fosse preciso, dava a vida pelo Francisco... aquele sorriso de lágrimas, foi assim porque me apercebi que tive um momento superfeliz, enquanto andei uns 50metros de carro, a conversar a conversa do Francisco...